domingo, 29 de maio de 2016

Música e motivação

Como a escolha de uma música pode mudar o seu dia

“Chuvinha” de neurotransmissores

A atriz coadjuvante de nossas vidas é sempre ela: a música. Estou certa? Ou poderíamos fazer a tentativa de imaginar o mundo sem ela?

“Canta canta minha gente, deixa a tristeza pra lá, canta alto, canta forte, que a vida vai melhorar.”
Martinho da Vila

Imagine-se em atividades em que precise colocar motivação e empenho: faxina da casa, limpeza do carro ou exercícios na academia. Certamente tudo fica mais prazeroso ao som da música de que você tanto gosta. Mas, por outro lado, imagine-se acordando desanimado. Saiu de casa e encontrou alguém que lhe conta algo triste, e, para completar, liga o rádio e está tocando justamente aquela música melancólica que o faz lembrar do amor que não deu certo, de brigas com pessoas que tanto ama, do trabalho cansativo? Sem perceber, você acaba transformando algo que já não estava bom em pior ainda! E tem gente que ainda diz: era a música perfeita para o meu dia…
Nada disso, nada de aumentar o sofrimento. Vamos refletir sobre o assunto: por que a música exerce tamanha influência sobre nossos sentimentos? Caso nunca tenha se perguntado sobre isso, saiba que pesquisadores descobriram que a música tem a capacidade de aumentar ou diminuir a produção de neurotrofinas (proteínas responsáveis pela sobrevivência, desenvolvimento e funcionalidade dos neurônios) afetando, assim, o funcionamento do sistema nervoso. O sistema das neurotrofinas é capaz de regular processos celulares vitais como a liberação de neurotransmissores, tais como a dopamina e a noradrenalina. A dopamina é um neurotransmissor relacionado ao prazer, bem estar e recompensas, enquanto que a noradrenalina nos proporciona excitação física, mental, e bom humor.
Assim como palavras são gatilhos que fazem pensar em determinadas situações, sons ou imagens, a música faz isso com maior abrangência, visto que ela ativa diversas regiões cerebrais ao mesmo tempo, envolvendo áreas responsáveis por interpretar as diferentes alturas, timbres, ritmos e modulação do sistema de prazer e recompensa envolvidos na experiência musical.
neurotransmissores-música
Fonte: www.thestar.com
De acordo com Tolstói (1889 apud Miranda, 2013): A música obriga a esquecermo-nos da nossa verdadeira personalidade, transporta-nos a um estado que não é o nosso. Sob a influência da música temos a impressão de que sentimos o que não sentimos; que compreendemos o que na realidade não compreendemos; que podemos o que não podemos[…] A música transporta-nos, de surpresa e imediatamente, ao estado de alma em que se encontrava o artista no momento da criação, confundimos a nossa alma com a dele e passamos de um estado a outro sem saber por que o fazemos.
Quanto maior a sensação de prazer relacionada a uma música, maior é a liberação de dopamina ou noradrenalina e, dessa forma, maior será a quantidade de associações que o nosso cérebro realiza com a mesma. A música pode alterar o nosso estado fisiológico através dos sistemas nervoso e neuroendócrino.
Portanto, se você almeja um dia agradável, ouça músicas que lhe despertem sensações que promovam o seu bem estar. Do mesmo modo, quando pensamos em questões de aprendizagem, a música pode ser um aliado altamente eficaz. Por exemplo: que tal começar a aula com uma boa música? Automaticamente, os alunos estão sendo preparados para a recepção do conteúdo, pois relaxam, ficam mais descontraídos (o que promove a interação professor e aluno). Ouvir música exige o desenvolvimento da capacidade de concentração, além de promover a criatividade, pois sensibiliza o aluno.
música-mente
Outra alternativa é solicitar que eles componham músicas relacionadas ao conteúdo da disciplina. Com isso, há muito maior aprendizagem, pois eles terão que utilizar os conhecimentos prévios e evidenciá-los através das habilidades de leitura, escrita, interpretação, ritmo, entonação de voz, e por aí adiante. Portanto, dentro do contexto educacional, determinados tipos musicais trazem o benefício de ampliar e facilitar a aprendizagem.
Seja por motivos pessoais, na execução de uma atividade ou situação de aprendizagem, o importante mesmo é seguir a ordem do poeta, mas com o entendimento de que ao “cantar, alto e forte, a vida vai melhorar”, pois “chuvinhas” de substâncias prazerosas estarão modulando o cérebro e, consequentemente, todo o seu organismo.
Referências:
  1. MIRANDA, Matheus. A música e as emoções. Disponível online em:http://migre.me/oNqAy
  2. MUSZKAT, Mauro. Música, Neurociência e Desenvolvimento humano.http://migre.me/oNlcG

Fenômenos mentais

4 fenômenos fundamentais da neurofisiologia

Comunicar, adaptar, sustentar e compreender

Mais representativos da funcionalidade do sistema nervoso, os fenômenos mentais, psíquicos ou neurológicos, se preferir, ocorrem como parte de sua fisiologia natural. Desde a produção do liquor, ao fenômeno da excitabilidade neuronal propriamente dito, o pensamento, a plasticidade neural, as emoções, como raiva, medo, agressividade e afetividade, os fenômenos cognitivos, os vários aspectos do comportamento, como um músculo do corpo que se contrai respeitando uma ordem do pensamento. Os fenômenos neurológicos são inúmeros e quatro deles, fundamentais, serão apresentados neste artigo.
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A transmissão de sinais

Quando um neurônio recebe um estímulo, se este é “forte” o suficiente, produzirá um impulso nervoso. O impulso nervoso corresponde a uma corrente elétrica que percorre o axônio até os botões sinápticos. O impulso nervoso precisa encontrar a membrana numa condição denominada potencial de repouso (-70 mV); uma vez iniciado, se auto propagará. Os potenciais capazes de gerar tal transmissão de sinal são denominados potenciais de ação (> 15 mV). Os sinais elétricos que percorrem neurônios, sinapses, órgãos receptores e efetores constituem a base da comunicação, em todas as suas instâncias.
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A plasticidade neural

Esta é definida como a capacidade que o sistema nervoso tem de mudar em resposta às exigências do ambiente em que se encontra. É um fenômeno que depende de mudanças microestruturais nos próprios neurônios, morfológicas e fisiológicas. O termo também pode ser definido, quando ocorre nas sinapses, de plasticidade sináptica. Especialmente as sinapses ao sofrerem o fenômeno plástico, ou ficam “fortalecidas”, reforçadas pelo fenômeno de potenciação, ou se desfazem pela retração e protrusão dendríticas. Sem a plasticidade neural, não aprendemos, simplesmente não nos adaptamos.
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A produção do liquor

O liquor sustenta e protege o cérebro contra eventuais choques mecânicos. Além disso, também desempenha um papel imunológico, servindo como veículo para nutrientes e agentes de defesa contra infecções. O liquor é produzido pelo plexo coroide e, após circular pelo interior do cérebro, é absorvido pelo sistema de drenagem venoso. Cerca de 100-150 ml são produzidos diariamente. Durante séculos se acreditou que o sistema ventricular era onde a alma estava alojada. O estudo do sistema ventricular e da neurofisiologia do liquor, tão importante para o sistema nervoso central, prova que a absorção de impactos e a proteção são básicas para qualquer processo, por mais complexo que ele seja.
pensamento

O pensamento

Segundo Jolivet, o pensamento é a capacidade que tem o ser de, através de três operações mentais distintas, a formação de ideias, o juízo sobre as relações de conveniência entre essas ideias e o raciocínio, que estabelece relações entre os juízos, compreender o significado das coisas concretas e das abstrações, bem como das relações que elas guardam entre si. Filosofias à parte, é através do pensamento que o ser humano dá conta de sua existência e do seu papel social.
Fonte:

SARA - Substância Ativadora Reticular Ascendente

O porteiro da consciência

A substância que ativa o cérebro

Em meados do século passado (1949), o americano Horace Magoun e o italiano Giuseppe Moruzzi fizeram uma incrível descoberta, por engano. Eles estudavam gatos anestesiados quando inadvertidamente estimularam a formação reticular de um dos felinos, localizada no mesencéfalo. Naquele exato momento, o eletroencefalograma (EEG) mudou o traçado prévio compatível com o estado de sono profundo e passou a acusar um estado semelhante ao de vigília. Animados pela descoberta, Magoun e Moruzzi observaram ainda que a estimulação da mesma região do tronco encefálico não só alterava o traçado do EEG como provocava um estado de alerta nos gatos. Os animais, sonolentos ou adormecidos, mas não anestesiados, recuperavam a “consciência”. Eles haviam descoberto uma substância inerente ao sistema nervoso capaz de ativar o cérebro – a SARA.
“Porteiro da consciência”, “centelha da mente” e “pântano neuronal” são outras denominações desta formação reticular localizada no tronco encefálico, mais especificamente no bulbo, mesencéfalo e transição mesencéfalo-pontina. A SARA (Substância Ativadora Reticular Ascendente) está envolvida na regulação dos ciclos do sono e em ações como o despertar; atua também filtrando os estímulos sensoriais antes que os mesmos sejam percebidos pelos núcleos diencefálicos e córtex cerebral. De maneira geral, como os cientistas Magoun e Moruzzi já haviam constatado há mais de 60 anos, a SARA intervém na regulação do estado de vigília. Vale ressaltar: mais ou menos nessa época, o fisiologista suíço Walter Hess descobriu que a estimulação do tálamo com pulsos de baixa frequência produzia um sono de ondas lentas, conforme ficou evidenciado em seu experimento registrado em EEGs.
Consciência - SARA
A Substância Ativadora Reticular Ascendente.
A “consciência” passou, então, a ser entendida como um processo contínuo que emergiria basicamente de relações entre o córtex, algumas formações do diencéfalo e formação reticular. Como hoje se sabe, o coma e outros estados de inconsciência podem ser produzidos tanto pela destruição da SARA, como também pela inativação de grandes extensões da superfície cortical.
De maneira geral, os neurônios internunciais curtos que formam a zona reticulada da SARA podem atuar, do ponto de vista eletrofisiológico, em um sistema ascendente, através do diencéfalo, sobre o córtex cerebral, ou através de vias descendentes, as quais influenciam os sistemas sensitivo-motores da medula espinhal.

O sono e a SARA

Faz todo o sentido. Existe um relógio biológico neurológico para o sono, um ritmo circadiano que depende fundamentalmente da produção de certos neurotransmissores por parte da formação reticular, produção esta que sofre influência de uma gama de fatores.  Atualmente, a maioria dos investigadores concorda que um componente chave do sistema ativador reticular é composto por um grupo de núcleos produtores de acetilcolina, localizados na transição entre ponte e mesencéfalo, responsáveis pelas projeções de inúmeros neurônios talamocorticais. Esses mesmos núcleos encontram-se ativos durante a vigília e o sono-REM. Todavia, outras vias neurais correlatas também interferem diretamente no sono. É o caso dos núcleos da rafe e do locus coeruleus, com suas projeções serotoninérgicas e monoaminérgicas, respectivamente. O início do sono seria dado pela inibição de algumas dessas vias, através da atividade do núcleo hipotalâmico pré-óptico ventrolateral (POVL).
Consciência - hipotálamo
Núcleos hipotalâmicos.
Consciência - neurotransmissores
Neurofisiologia básica do sono e vigília.

Considerações sobre a consciência

O conceito de consciência é intuitivo. É uma tarefa difícil ou quase impossível descrevê-la adequadamente em palavras. Algumas das definições mais aceitas afirmam que a consciência é o estado subjetivo de algo percebido, esteja este algo dentro ou fora de nós. Não há definição consensual. Mas ela remete à opinião, ou à experimentação de algo oposto a objetividade. Em alguns escritos, consciência é considerada sinônimo de mente. Mas a mente inclui processos mentais inconscientes, e pode ser definida como o funcionamento do cérebro imbuído de processar informações e controlar a ação de forma flexível e adaptável. A consciência tem conteúdo que, embora possa ser variado, não encontra brechas para percepções simultâneas.
Por outro lado, ela não seria somente um fenômeno passivo em resposta a estímulos, mas uma interpretação ativa construída a partir de dados externos e relações destes com os processos de memória. Algo especificamente relevante para este artigo, a consciência tem sido equiparada à vigília; eventualmente até são tidas como sinônimos. No entanto, estar vigil não é o mesmo que estar consciente. Particularmente, encaramos a vigília como a primeira etapa para a produção da consciência. Como se aquela conferisse ao cérebro autoconhecedor as condições para perceber os estímulos internos e externos, qualificando-os a ponto de gerar conteúdo. Dali em diante, o cérebro torna-se verdadeiramente consciente.

Conclusão

A SARA teria essa missão: criar as condições para que o cérebro incorpore um estado de alerta e vigília, a ponto de produzir consciência, em conjunto com outros inúmeros fenômenos neurológicos, mais ou menos complexos, mas vitais para a construção do eu. Por tudo isso e outros tantos motivos, o assunto instiga a curiosidade. Já imaginou como seria a mente se todos os milhões de estímulos ambientais alcançassem o cérebro simultaneamente? Seleciona-se o “vital” ao passo que o “trivial” é impelido. Umas das qualidades mais inteligentes do sistema nervoso repousa justamente na seleção de estímulos.

SAR - Sistema de Activação Reticular

O SAR é uma pequena parte do nosso cérebro que é responsável pela filtragem da informação que processamos. É um conceito das neurociências e mais informação pode ser encontrada na Internet.
Em termos de comunicação e na perspectiva dos negócios, o sistema de activação reticular pode fazer maravilhas e ajudar bastante a nos focarmos no que é importante. Como funciona? A informação que existe à nossa volta não pode ser toda absorvida pelo cérebro. Só uma parte é recolhida e nem toda ela é indexada. O SAR é como que um misto de porteiro e assistente pessoal. Só deixa entrar a informação que nós indicarmos comoimportante e aquela que é cliente habitual.
Exemplos: Quando queremos comprar um carro novo da marca X, modelo Y, dizemos ao SAR para estar atento e, de repente, começamos a ver imensos carros iguais. Quem tem filhos lembra-se seguramente que, de repente, passou a ver bebés por todo o lado. Isto não significa que há mais carros ou bebés. O nosso cérebro é que ficou mais atento a eles.
Sabendo isto, como usar o SAR em nosso proveito?
1 – Dizer-lhe o que é importante
Fazer uma lista de palavras/conceitos/objectivos e memorizá-la. Assim, sempre que eles apareçam o cérebro irá captar a informação.
2 – Criar hábitos de acordo com os nossos objectivos
É a “lei da atracção”, para quem leu “O Segredo”. O positivo atrai o positivo e, se andar a “dizer” que tudo vai correr mal, já sabe o que o espera…
Não podemos tratar de tudo, saber de tudo, fazer tudo. Temos de fazer escolhas, tomar opções e focalizarmo-nos no que realmente pode contribuir para o nosso sucesso. O SAR pode ser uma ajuda ou um obstáculo. Você decide!

Percepção social

Percepção social e interpessoal

Artigo por Colunista Portal - Educação - segunda-feira, 1 de abril de 2013
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Toda pessoa tem seu sistema conceitual próprio
Toda pessoa tem seu sistema conceitual próprio
Toda pessoa tem seu sistema conceitual próprio, funciona como um filtro codificador. O nome disso é padrão pessoal de referência. Esse filtro aceita ou não as informações recebidas, isso vai depender de o quanto essa mensagem é ou não ajustada às referências do indivíduo. Há uma percepção seletiva que atua como defesa, bloqueando as não desejadas. Dessa forma, cada pessoa desenvolve seu conjunto de conceitos para interpretar as experiências cotidianas.

Para Chiavenato (2006), os padrões de referência são importantes, pois ajudam a entender o processo de comunicação. Aquilo que duas pessoas comunicam é determinado pela percepção que elas têm de si mesmas e do ambiente, ou seja, as informações trocadas são relacionadas com as percepções de cada um no ambiente em que estão envolvidas.

Dessa interação entre dois indivíduos (ou mais) surge a percepção social. Segundo Chiavenato a percepção social nem sempre é consciente ou racional, é um meio pelo qual uma pessoa forma impressões sobre a outra com intuito de compreendê-la, e então desenvolver empatia.

A percepção social possui três aspectos:

a) Percebedor: o indivíduo que está olhando;
b) Percebido: o indivíduo que está sendo olhado.
c) Situação: o conjunto total de forças sociais e não sociais dentro dos quais ocorre a percepção social.

A percepção social é influenciada por:

a) Estereótipos: que são distorções na percepção das pessoas, é um processo de impressão padronizada de um grupo de pessoas dirigida a uma pessoa em particular. Exemplo: Os técnicos em TI são apresentados em filmes, novelas e até mesmo no cotidiano como possuidores de alguns traços e convencionamos chamá-los de nerds. Daí, passamos para a suposição de que todos os profissionais dessa área possuem estes traços e são nerds.

b) Efeito de Halo: É o processo que consistem em deixar que uma característica da pessoa encubra todas as demais. Essa característica mais acentuada pode ser positiva ou negativa e assim influenciar positiva ou negativamente. As propagandas utilizam muito este recurso, tomando por base a seguinte premissa: se gostamos de um indivíduo (um jogador de futebol), gostamos também dos produtos que ele endossa (desodorantes, roupas, etc.). 
O que nos faz pensar que uma pessoa que joga bem futebol entende de desodorante? Simples, a crença de que se ele joga tão bem é também bem informado sobre outras coisas. O problema desse efeito é que se caracteriza por generalizações. Se um avaliador não gosta de pessoas de cabelo comprido e tatuagens, poderá considerar de forma incorreta o avaliado, porque levará em consideração essas características e não as que devem ser avaliadas. Lembra do conceito inicial? Reforça uma característica e ofusca as demais, de forma positiva ou negativa.

c) Expectativa: este é um tipo perigoso de influência na percepção, porque muitas vezes vemos aquilo que queremos e não o que de fato está acontecendo. Quantas vezes você ouviu alguém dizer: quando eu casei descobri que ele não era o que eu pensava. Será que a pessoa mudou ou os filtros da visão caíram? Possivelmente a segunda opção seja a mais provável. Da expectativa temos três aspectos: a profecia autorrealizadora, quando supomos que uma pessoa agirá de uma forma e ela acaba correspondendo às nossas expectativas. Se supusermos que uma pessoa é preguiçosa, passamos a controlá-la de forma incisiva e a pessoa acabará se comportando como se fosse um preguiçoso por causa do nosso comportamento. 
O segundo aspecto é a percepção seletiva. Esse fator apresenta duas conformações: a primeira é a atenção seletiva – vemos e ouvimos o que nos interessa e ignoramos o resto – e a outra é a retenção seletiva – lembramos de algumas mensagens e esquecemos outras. Se usarmos a percepção seletiva e presumirmos que uma pessoa se comporte de uma determinada forma, prestaremos atenção apenas a estes comportamentos e ignoramos os demais. 
A armadilha disso: passamos a usar esse mecanismo em situações que não são claras ou ambíguas, podendo discorrer em um juízo de valor injusto. Por último temos a projeção: a todo o momento nos deparamos com isso. Sempre a culpa é do outro. Projetamos as próprias dificuldades nos outros. Quantas vezes a gente ouve: eu saí da empresa A porque eles me perseguiam, da empresa B porque eles eram encrenqueiros e por aí vai. Pessoas projetivas não conseguem enxergar que se “Bob arruma problemas em todos os lugares, então Bob é o problema”. Esta é uma frase de abertura de um capítulo do Livro “Vencendo com as Pessoas”, de J. C. Maxwell.

d) Defesa da percepção: Uma vez que formamos uma percepção de uma pessoa, temos a tendência de nos apegar aos comportamentos que estão alinhados a esta opinião. Já viu aquela estória? Não fui com a cara de fulano, meu santo não bateu. E daí nem se dá o trabalho de conhecer a pessoa. Ao contrário também ocorre: Fui com a cara do fulano porque ele é descolado.

Com essas informações podemos entender o porquê de nos comportarmos de forma tão diferente, estando no mesmo ambiente e tratando do mesmo assunto.


Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado 
http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/41456/percepcao-social-e-interpessoal#ixzz4A42yZpVM


Fonte:
http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/41456/percepcao-social-e-interpessoal

terça-feira, 24 de maio de 2016

Desenvolvimento do cérebro

Desenvolvimento do Cérebro e Funcionamento Executivo

Katie Knapp , MSc J. Bruce Morton, PhD
Western University, Canadá
Janeiro 2013
Introdução
As funções executivas são processos que apoiam muitas atividades diárias, incluindo o planejamento, o raciocínio flexível, a atenção concentrada e a inibição comportamental, e demonstram um desenvolvimento contínuo até o início da idade adulta.1,2 Uma perspectiva importante para o desenvolvimento dessas habilidades psicológicas é o desenvolvimento estrutural e funcional do cérebro.3,4,5,6 Uma das regiões cerebrais de desenvolvimento mais lento é o córtex pré-frontal, uma grande extensão do córtex localizada na metade frontal do cérebro. O que é notável a respeito desta  região do cérebro é que ela continua a se desenvolver até a terceira década de vida.7,8 A imagiologia do cérebro9,10 e alguns estudos envolvendo pacientes com danos cerebrais11,12,13  sugerem que o córtex pré-frontal é fundamental para o controle da atenção, do raciocínio e do comportamento, em parte devido ao fato de unir os centros de controle da percepção, emocional e motor localizados em outras partes do cérebro. O fato de o córtex pré-frontal ter um desenvolvimento lento14,15 e, ao mesmo tempo, ser importante para o controle executivo sugere que o desenvolvimento do funcionamento executivo está intimamente relacionado ao amadurecimento do córtex pré-frontal.16,17,18 Uma implicação disso é que os desafios básicos do dia-a-dia como, por exemplo, não brincar com um brinquedo proibido, serão difíceis, mesmo para as crianças com um desenvolvimento normal. 
Assunto 
Entender que o córtex pré-frontal é importante para a autorregulação comportamental e que ele se desenvolve gradualmente pode explicar por que, por exemplo, as crianças têm dificuldade de: (a) interromper uma atividade e passar para outra atividade; (b) planejar com antecedência, (c) fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo, (d) concentrar-se por longos períodos de tempo, e (e) renunciar a recompensas imediatas. Os resultados de pesquisas sobre a neurociência cognitiva do desenvolvimento sugerem que esses comportamentos são uma parte normal do crescimento e, até certo ponto, sua origem está relacionada à forma de funcionamento do cérebro nessa etapa da vida.  
Problemas
Compreender exatamente como o desenvolvimento do córtex pré-frontal contribui para o progresso das funções executivas constitui um grande desafio. Em primeiro lugar, as funções executivas são difíceis de definir e medir, em parte porque os conceitos fundamentais, tais como a inibição e flexibilidade cognitiva, na verdade, são usados mais para descrever do que para explicar o comportamento. Em segundo lugar, não está claro se os processos envolvidos na regulação de um tipo de comportamento, tais como a linguagem, são os mesmos que os processos envolvidos na regulação de outros tipos de comportamento, tais como as emoções. Em terceiro lugar, as tarefas apropriadas para testar o funcionamento executivo em uma determinada idade, normalmente, não serão adequadas para testar o funcionamento executivo em crianças mais velhas. Isso torna difícil a comparação do funcionamento executivo entre crianças com idades diferentes. Em última análise, porém, os neurocientistas do desenvolvimento cognitivo estão interessados em associar as mudanças do funcionamento executivo relacionadas à idade às alterações no desenvolvimento na função cerebral. Para isso, é necessário não só definir e medir adequadamente o funcionamento executivo, mas, ao mesmo tempo, obter uma avaliação direta da função cerebral. Um método possível é a ressonância magnética funcional (ou fMRI), um meio seguro e relativamente não-invasivo de examinar as mudanças da atividade cerebral que ocorrem quando as pessoas executam determinadas tarefas. Embora seja um meio viável e seguro para o uso até mesmo em recém-nascidos,19,20 a fMRI requer que os participantes permaneçam completamente imóveis por um período de, no mínimo, 5 a 10 minutos, enquanto as imagens são obtidas. Quaisquer movimentos bruscos de 5 a 10 mm podem levar à perda da nitidez da imagem, tornando-a praticamente impossível de ser interpretada. Para complicar ainda mais as coisas, se as crianças executarem as tarefas prescritas de forma diferente daquela usada pelas crianças mais velhas, torna-se impossível saber se as diferenças dos padrões da atividade cerebral relacionadas à idade estão vinculadas apenas às diferenças da idade dos participantes ou também às diferentes formas de realização das tarefas das crianças mais velhas e mais jovens. De forma mais simples, instruir crianças de 7 anos de idade a realizar uma tarefa da mesma forma realizada por crianças de 4 anos, em princípio, poderia fazer com que se torne impossível diferenciar os padrões da atividade cerebral das crianças de 7 anos do padrão da atividade cerebral observado nas crianças de 4 anos. Para atenuar esses problemas, os pesquisadores estão desenvolvendo novos protocolos de imagem que podem ser administrados de forma rápida e não exigem que as crianças executem tarefas. Nesses processos denominados ‘em estado de repouso’, as crianças simplesmente ficam imóveis por apenas cinco minutos com os olhos abertos.21 As imagens resultantes são usadas para analisar as mudanças relacionadas à idade em padrões "intrínsecos" da conectividade cortical, que poderão, então, ser associadas a medições do funcionamento executivo coletadas fora do aparelho de ressonância magnética.
Fonte: 

Função Executiva e Extresse

Papel protetor das Habilidades das Funções Executivas em Ambientes de Alto Risco

Amanda J. Wenzel, BA Megan R. Gunnar, PhD
University of Minnesota, EUA
Abril 2013
Introdução
Recentemente, o campo de resiliência começou a focar o papel protetor das funções executivas no sucesso escolar de crianças que enfrentam adversidades. A função executiva, também denominada controle cognitivo, descreve as habilidades que visam controlar o comportamento, o pensamento e as emoções.1Essas habilidades podem ser observadas na capacidade de reter informações na memória de trabalho, manter ou alternar a atenção, inibir respostas automáticas para executar uma ação para a qual foram recebidas instruções ou com um objetivo específico, ou postergar gratificação.
As habilidades da FE se desenvolvem rapidamente no período pré-escolar2 e são consideradas como sendo uma base para a aptidão cognitiva e comportamental na escola.3 Na sala de aula, as habilidades das funções executivas podem se manifestar como a capacidade de prestar atenção, de seguir instruções, esperar a vez, e lembrar-se das regras. Essas habilidades têm demonstrado ser especialmente importantes para as crianças expostas ao stress nos primeiros anos de vida, e pesquisas recentes sugerem que as habilidades das funções executivas são mais preditivas da resiliência na escola e da interação entre pares do que o nível de inteligência.4,5,6,7 
Embora estas habilidades sirvam de proteção para crianças em situação de alto risco, o desenvolvimento das habilidades das funções executivas pode ser prejudicado pela exposição ao trauma e ao stress crônico.8 Crianças oriundas de distintos contextos adversos (por exemplo, famílias sem-teto/com alta mobilidade, pobreza, institucionalismo precoce, maus-tratos, etc.) tendem a ter déficits da função executiva.6,7,9,10,11 Em conjunto, estes resultados sugerem a necessidade de reduzir a exposição ao stress crônico e de buscar desenvolver habilidades das funções executivas através da intervenção e de esforços de prevenção com as crianças. 
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