quarta-feira, 15 de março de 2017

Alfabetização - Presidente Prudente

19/09/2015 08h05 - Atualizado em 19/09/2015 08h05

Em Presidente Prudente, 10,15% dos alunos só leem uma palavra

Índice foi constatado na Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA).
Estudo foi feito com estudantes do 3º ano do ensino fundamental.

Heloise HamadaDo G1 Presidente Prudente
Redução do analfabetismo em Macapá (Foto: Lorena Kubota/G1)Conforme dados da ANA, há insuficiência de 13,07% na escrita em Presidente Prudente (Foto: Lorena Kubota/G1)
O Ministério da Educação (MEC) identificou inadequação em relação ao aprendizado esperado dos alunos do 3º ano do ensino fundamental, em Presidente Prudente, considerada a maior cidade do Oeste Paulista. Conforme dados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) de 2014, há insuficiência de 10,15% no aprendizado da leitura, 13,07% na escrita e 34,95% na matemática. O estudo foi divulgado na quinta-feira (17).
A ANA foi aplicada aos estudantes do 3º ano do ensino fundamental que geralmente possuem oito anos, idade em que terminam o ciclo de alfabetização nas escolas. Dentro de cada área, os alunos, de acordo com os resultados, foram separados por níveis. Nos níveis superiores, o MEC entende que os alunos "provavelmente são capazes" de executar as ações das etapas anteriores.
Presidente Prudente
Apesar da insuficiência constatada, nas três áreas avaliadas, a maioria possui um bom resultado. Na leitura - sendo o nível 1 insuficiente e os demais (2, 3 e 4) adequados -, a maioria dos alunos está no nível 3 (42,74%), seguido do nível 2 (27,9%) e do nível 4 (19,21%).
Na escrita, são cinco patamares, com os três primeiros insuficientes. Pela ordem, há 2,41%, 7,73% e 2,93%, totalizando 13,07% com aprendizado não adequado. No nível 4, são 63,91% e no 5 há 23,03%, ou seja, 86,94% adequados.
Na matemática, os níveis 1 (10,63%) e 2 (24,32%) são os patamares inadequados, com um total de 34,95% de crianças. Com o aprendizado adequado, são 65,05%, sendo 21,78% no nível 3 e 43,27% no nível 4.
Leitura
No nível 1, foram classificados aqueles estudantes que provavelmente são capazes de "ler palavras com estrutura silábica canônica [compostas de uma vogal e uma consoante], não canônica e ainda que alternem sílabas canônicas e não canônicas". No segundo nível, os avaliados devem localizar informações explícitas em textos curtos e reconhecer a finalidade de texto, entre outros itens.
No nível 3, os alunos conseguem localizar informação explícita em textos de maior extensão, identificar o referente de um pronome pessoal do caso reto em textos e inferir relação de causa e consequência em textos exclusivamente verbais.
Já no quarto e último estágio, os estudantes reconhecem a relação de tempo em texto verbal e os participantes de um diálogo e conseguem identificar pronome possessivo, advérbio de lugar e pronome demonstrativo.
Escrita
No nível 1, os estudantes provavelmente não escrevem as palavras ou estabelecem algumas correspondências entre as letras grafadas e a pauta sonora, porém ainda não escrevem palavras alfabeticamente. Em relação à produção de textos, os estudantes provavelmente não escrevem o texto ou produzem textos ilegíveis.
No segundo grupo, as crianças provavelmente escrevem alfabeticamente palavras com trocas ou omissão de letras, alterações na ordem das letras e outros desvios ortográficos. Porém, também não conseguem escrever o texto ou produzem textos ilegíveis.
No terceiro nível, os estudantes provavelmente escrevem ortograficamente palavras com diferentes estruturas silábicas. Além disso, o texto pode apresentar alguns desvios ortográficos e de segmentação que não comprometem a compreensão.
Já no nível 5, os estudantes provavelmente sabem continuar uma narrativa, com uma situação central e final, articulam as partes do texto com conectivos, separam e escrevem as palavras corretamente, mas ainda podem apresentar "alguns desvios ortográficos e de pontuação que não comprometem a compreensão".
Menor participação de mulheres nas ciências naturais e na tecnologia pode ser influenciada por ideias adquiridas ainda na infância, segundo psicólogo (Foto: BBC/PA)Em Presidente Prudente, a ANA detectou
insuficiência de 34,95% na matemática
(Foto: BBC/PA)
Matemática
No primeiro nível, espera-se que os alunos saibam contar até 20, ler as horas e minutos em relógio digital e comparem objetos pelo seu comprimento, entre outras habilidades. No nível 2, elas também reconhecem o valor monetário de cédulas e de grupos de cédulas e moedas, identificam o registro do tempo em um calendário, completam sequências numéricas crescentes e escrevem números de dois algarismos na ordem, além de somar até três algarismos e subtrair até dois algarismos.
Já no nível 3, a criança provavelmente é capaz de resolver problemas com números maiores de 20 e calcular divisões entre partes iguais, com apoio de imagem.
No último nível, estão os estudantes que devem ser capazes de ler as horas e os minutos em relógios analógicos, sabem ler alguns elementos de gráficos de barra, fazem operação de subtração com até três algarismos e divisão em partes iguais ou em proporcionalidade sem auxílio de imagens.
Mais leitura
Conforme a pedagoga e especialista em alfabetização Maria Peregrina de Fátima Rotta Furlanetti, as avaliações são necessárias e, mesmo com a maioria dos dados positivos em Presidente Prudente, o aprendizado insuficiente constatado preocupa, por menor que seja a porcentagem. "Não se pode dizer que está tranquilo. Mas, quando se trata de alfabetização, é preciso compreender um contexto que vai além da atuação da escola e dos professores", explicou ao G1.
A alfabetização leva cerca de quatro anos. Então, se a criança começa com seis anos, ela vai ter uma compreensão melhor com dez anos".
Maria Peregrina de Fátima Rotta Furlanetti,
pedagoga e especialista em alfabetização
A pedagoga ainda disse que a alfabetização é um processo em que a criança vai compreendendo os conceitos e aprendendo a diferenciar a escrita da fala e as funções da matemática. "A alfabetização leva cerca de quatro anos. Então, se a criança começa com seis anos, ela vai ter uma compreensão melhor com dez anos. Durante este processo, é preciso que ela seja estimulada com muita leitura para ver a diferença entre as palavras com 'l' e 'u' ou para que serve a multiplicação e a divisão. Antes disso, conceitualmente ela não chegou a este nível, pois existe um raciocínio lógico, que não é fácil", pontuou.
Entretanto, muitas vezes, as crianças não têm estímulos em casa. "Quando se fala em escola pública, muitos pais são analfabetos, então, na casa não há o hábito de leitura, não há o uso social da escrita, seja com um simples bilhete. Se não tiver estes estímulos com boas revistas, histórias em quadrinhos, a criança não vai aprender de maneira eficiente", salientou a pedagoga.
Por isso, ela acredita que é importante que sejam criados programas junto com os pais, para que possam compreender a importância da leitura. "A Educação de Jovens e Adultos [EJA] precisa ser alimentada. A cidade também precisa ser cidadã, as praças precisam ter placas que tenham o nome e expliquem o porquê deste nome. Precisamos de bibliotecas a que todos tenham acesso, pois a maioria só vê televisão", disse a especialista.
Entenda o exame
Em 2012, o governo criou o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), um compromisso dos governos federal, estaduais e municipais para garantir que todas as crianças estejam alfabetizadas quando concluírem o 3º ano do fundamental. A ANA, que começou a ser realizada em 2013, é feita com os estudantes em duas provas: na de língua portuguesa, há 17 questões de múltipla escolha e três de produção escrita. Na prova de matemática, são 20 questões de múltipla escolha.
Na divulgação dos dados da ANA de 2014, a primeira vez que o resultado do Brasil foi divulgado publicamente, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não indicou quais níveis de cada escala representam aprendizado adequado.
Mas, segundo o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, apenas os estudantes que não passaram do nível 1 preocupam o governo. "O nível 1 é francamente inadequado, a pessoa não consegue ler mais que uma palavra. Isso a gente não pode aceitar, tem que zerar. É um avanço modesto, estamos falando só de escola pública. É claro que será desejado que todos cheguem ao nível 4. Mas, a partir do 2, temos uma pessoa que está lendo e compreendendo o que lê", explicou ele.
De acordo com o governo federal, em 2014 o Brasil tinha 3.294.729 estudantes matriculados no 3º ano do fundamental, considerando as redes pública e privadas, na zona urbana e em escolas do campo.

Fonte:
http://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/noticia/2015/09/em-presidente-prudente-1015-dos-alunos-so-leem-uma-palavra.html

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